segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Qual é?


Pode ser no shopping, na rua, na padaria, a gente sempre olha né? Vai que o olhar é retribuído e... sei lá.

Balada, também, ué! Pode ser balada hétero, eu olho sim! Afinal, se eu to numa balada hétero, o que impede outros gays de estarem lá também? (ãhn, baladas homo?)

Eu fui felizão pra praia, sungazinha na mochila, óculos de sol. E não é que a bendita chuva começou a cair no meu segundo dia lá? Mas chuva não cancela festa, cancela?

Noite bacaninha, por dançar e tal. Juro que eu tentei beber e me animar, mas NÃO rola mais pegar menina, não rola mesmo.

Eu e a minha amiga, saindo da pista, e lá vem ele. Ele não olhou pra ela (todos olham), então eu encarei mesmo. Eu descendo a escada e ele subindo. Ele encarou também, e eu continuei encarando, oras! E o olho dele era bonito, um verde sugerindo mistério que eu curti. A gente passou um pelo outro e ele se virou, e eu virei também! Juro que ele olhou mais dois segundos e deu uma risadinha antes de abrir os braços e soltar:

- Qual é, meu! Que é que foi?

Eu tenho que parar de ir em festa hétero. Chega.

Quer dizer, eu até agora não sei se ele era um hétero brigão ou um gay envergonhado, mas é perigoso continuar assim. Tenho que achar uma turma gay pra mim.

Enfim, voltei pra casa no outro dia e fui olhar “Shelter”. Filmaço, pensei até em virar surfista...

Ta bom, já passou a vontade.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Tales goes 18

O carinha do "Crazy" gostava de fazer aniversário do final do ano, porque ganhava presente em dobro. Só ele mesmo, porque o meu presente vem pela metade, dois em um, sempre foi assim.
"Ah, eu não te dou presente de Natal porque eu vou te dar de aniversário, viu!"
"E daí, mão de vaca? Que sentido tem isso, hein?"
E como tem gente de aniversário em dezembro, hein? Acho que em março todo mundo tá no cio e sai fazendo filho.
Eu fico no cio em setembro... ah, primavera...
Sim, eu faço anos essa semana, obrigado. Foi-se a menoridade, agora o Tales virou homenzinho...
No dia do meu aniversário, na exata hora em que eu nasci, uma força do céu vai descer sobre mim e dizer "agora tu responde por ti mesmo, cara... se fudeu". E aí eu ganho maturidade e viro adulto. Legal, não?
Eu sei que já posso jogar minha autorização pra sair de noite no lixo, posso abrir ficha na locadora no meu nome e olhar filme adulto no cinema. Mas agora meus pais podem me expulsar de casa legalmente, também! Agora é que eu me finjo de hétero mesmo!

Será que eu volto aqui esse mês, ainda?
De qualquer forma, nem preciso desejar um bom ano, né? Porque 2009 vai ser demais, fato.
Só desejo ótimas festas no dia 31. Sem essa história de ficar em casa, de ocasião familiar já basta o Natal.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Crepúsculo

Ah, não gostei, achei decepcionante.
Efeitos não convenceram, maquiagem forçada, a Bella tava sem graça, a Rosalie não tava legal. O Charlie ficou bacana.
E eu fui na estréia. Não devia ter ido. Só dava menininha gritando, menininha suspirando, menininha comparando a história do livro com a do filme.
Acho que vou voltar ler o "New Moon", que eu deixei pra trás no meio do semestre. Se valer apena, eu continuo.

Não sei se eu volto aqui antes do papai noel, então.

FELIZ NATAL!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Assumindo

A primeira vez que eu contei pra alguém foi há mais de três anos. Eu não teria contado sem ela ter gritado (ela nunca gritava) “chega com essa enrolação que tu fez por um ano que tu tem um segredo. Tu quer contar, e hoje tu conta!”. Mas não saiu da minha boca, eu tive que escrever. Era o último dia de aula.

Pra surpresa geral, eu não tinha transtornos psicóticos ou era testemunha ocular de algum assassinato, eu só gostava de homem.

- Não, Tales, tu não é gay, eu te conheço, tu só ta confuso.

Quando eu contei pro meu primo era madrugada no quarto dele.

- Eu sou gay.

- Eu acho que eu ouvi um barulho na cozinha, eu vou lá ver.

Ele sempre soube fugir de conversa séria.

Minha amiga soube no gramado da escola.

- Precisa ser num lugar tão escondido, é tão sério o que tu tem pra contar?

- Talvez sim, talvez não.

- Então, Tales, fala de uma vez. Desembucha.

- Eu sou gay.

- Ta, Tales, agora fala sério.

- To dizendo, eu sou gay.

- Tales, eu vou ficar braba contigo se tu ficar se fazendo.

Outro "último dia de aula"

- Eu sou gay.

Tenho até hoje a foto que eu tirei na hora que eu contei pra ela. Ela ficou séria, depois riu, depois ficou séria de novo, depois gargalhou.

- Mas tu ficou com meninas! E a gente te conhece há anos, e nunca desconfiou! Meu pai achou que talvez tu fosse, e eu te defendi!

- É, eu acho que os pais sabem alguma coisa, afinal.

Eu adorava conversar na aula da sexta a noite:

- Tu disse que queria um amigo gay, não é?

- Sim.

- Eu sou teu amigo?

- Claro, Tales!

- ...

-...

- Então...

- ...

- Vai dizer que tu não entendeu!

- Se tu não disser, eu não entendo mesmo!

E a mais recente.

- A gente ta atrasado, Tales, vamos logo!

- Eu sou gay. Será que a gente perdeu o início do ensaio?

- Eu acho que não, todo mundo deve ta atrasado. Eu tenho dois amigos gays, tu é o terceiro. Na verdade, eles acabaram ficando. Onde será que a gente pega os convites?

E pensar que eu ficava nervoso pra contar!

Videozinho de portugal

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

No consultório...


Acaba o semestre e o Tales vai correndo executar a lista de deveres acumulada. Comecei pelo dentista:
- Dói?
- Não?
- E assim, dói?
- Não.
- Não dói nem um pouco?
- Um pouquinho.
Copiei frase a frase, juro.
Será que é só eu que tenho pensamentos obcenos ouvindo essas coisas?
O cara tava com uma mão espalmada na minha bochecha, segurando meu rosto, e a outra dentro da minha boca. Precisa de mais alguma coisa pra "turn me on"?
E o tal do meu radar gay (que já falhou, admito, mas...) apita toda vez que eu vou lá.
O meu radar e o MSN dele, que também fica piscando a consulta inteira no notebook.
Ele é gay, não é?
Ou os héteros também usam MSN no serviço?
Mas eu nem ouso falar muito com ele. Vai que ele não vai com a minha cara? Ele tem todas as ferramentas pra se vingar, não é não?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Party

Ah, dá pra reconhecer que é nós, não dá?
Minha amiga me levou pra beber no final de semana. Detalhe: eu nunca saí pra beber no final de semana. Às quatro da manhã o Tales já tava soltinho falando com a amiga soltinha sobre o namorado soltinho dela.

Aos dezessete anos, e fugiu de casa. Às setes horas da manhã do dia errado.

- Eu não quero saber em medida, Jú, mostra aí com a mão, quanto mede o dele?

- Ah, é mais ou menos assim, eu acho.

- Tudo isso? E tu coloca tudo isso na bocaa? Tu é guerreira, hein!

Um passo sem pensar, um outro dia, outro lugar.

- Um dia eu te envio umas conversas antigas de MSN, pode deixar. Tu ia ver como os gays são piores que os héteros. “Eu procuro alguém só pro sexo. Eu não preciso saber nada de ti, tu não precisa saber nada de mim”.

- Será que o cara queria uma venda pros olhos também, assim ele não precisava nem ver o teu rosto?

Cabelo verde, tatuagem no pescoço. Um rosto louco todo feito pro pecado.

- Será que ele vai gostar da camisola que eu comprei? Será que é sexy? Será que ele vai notar?

- Claro que vai, tu vai arrasar. Será que eu levo um soco se eu tentar beijar o de camisa preta.

- Tales, tu ta numa boate hétero!

- Brincadeira, ficar com alguém hoje seria traição.

- Na próxima eu te levo numa boate gay, então. Aí a gente vê se tu se controla.

- O mundo vai acabaaaaaaaar!

- E ela só quer dançaaaaaaar!